Não sai da minha boca, mas eu penso a todo instante. Eu tô a fim de você. Não assumo para mim mesmo. Vivo dormindo e acordando fazendo cerimônia. Segredo da alma, às vezes não suporto esse gostar de você. E o mais engraçado é que não foi coisa de agora, de hoje. Há pouco mais de dois anos eu te conheci, você comprometido, viramos amigos e tudo estava bem. Durante todo esse período, nunca me dei conta. Tá, confesso: uma hora ou outra eu imaginava alguma coisa parecida. Mas era inconsciente. “Ah, pára! Só amigos”.
Agora, você solteiro e eu, como sempre, também. Dei conta de que cairia fácil em seus braços quando dormi pensando na possibilidade de alguma coisa acontecer e acordei torcendo para que virasse realidade. Um carinho. Um aperto de mão. Dormir de conchinha. Quem não quer? Seus passeios pelo mundo, sua alma independente, tudo tocou em mim. Cupido pilantra, me enganou durante todo esse tempo. Caprichou na mira da flecha. Acertou em cheio esse coração. Logo eu que, agora, não queria nada. Não quero. Aliás, não sei mais. O plano de arrumar as malas e sair por aí, crescendo na vida, existe. Mas, me pergunto: e com você? O que eu faço? Está acontecendo mais uma vez. E eu, de novo, não sei como escapar disso. Estou ok.